O que o último Boletim Focus Projeta para o Brasil
O Boletim Focus de 8 de dezembro de 2025 reforça um cenário de transição para a economia brasileira. Em 2025, a inflação segue acima da meta, enquanto o PIB avança modestamente. O câmbio mantém estabilidade, e a Selic permanece elevada, com cortes esperados apenas a partir de 2026. O IGP-M acompanha a trajetória do IPCA, com desaceleração gradual. Para os anos seguintes, as projeções sugerem uma convergência mais clara às metas de inflação e uma recuperação econômica lenta, porém sustentável, desde que os desafios fiscais e externos sejam equacionados.
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
O IPCA, índice oficial que mede a inflação no Brasil, apresenta projeções relevantes para os anos de 2025 e 2026. Para 2025, a expectativa é de uma variação de 4,93%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,95%, conforme indicado por ▼(1). Esse comportamento reflete pressões inflacionárias ainda presentes na economia, especialmente nos preços administrados, cuja variação projetada para 2025 caiu para 4,88%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,90%, conforme indicado por ▼(1). Já para 2026, a expectativa é de estabilidade, com o IPCA projetado em 4,39%, uma redução em relação à previsão anterior de 4,41%, conforme indicado por ▼(1). Nos meses iniciais de 2025, as projeções mensais mostram moderação, com variações de 0,39% em novembro e 0,35% em dezembro. A inflação acumulada nos últimos 12 meses apresenta sinais de desaceleração, caindo de 4,95% para 4,93% até janeiro de 2026.
PIB (Produto Interno Bruto)
As projeções para o PIB brasileiro indicam um crescimento positivo para os próximos anos. Para 2025, a mediana das expectativas aponta para um crescimento de 2,00% em relação ao ano anterior, sem alterações significativas em relação à previsão anterior, conforme indicado por (1). Esse cenário sugere uma leve melhora na atividade econômica, influenciada por políticas fiscais mais equilibradas e uma demanda interna mais resiliente. Para 2026, a expectativa é de um crescimento ainda mais robusto, com o PIB variando 1,70% sobre o ano anterior, um aumento em relação à previsão anterior de 1,61%, conforme indicado por ▲(1). Nos anos seguintes, as projeções indicam uma recuperação gradual, mas ainda insuficiente para retornar a patamares mais robustos de expansão econômica, com variações projetadas de 2,00% tanto para 2027 quanto para 2028.
Câmbio (R$/US$)
O mercado projeta estabilidade no câmbio para os próximos anos. Para 2025, a taxa de câmbio é esperada em R$ 5,90 por dólar, refletindo leve valorização do real em relação à previsão anterior de R$ 5,95, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a expectativa é de estabilidade em R$ 5,90 por dólar, com tendência de equilíbrio entre oferta e demanda por moeda estrangeira. No curto prazo, a projeção para novembro de 2025 indica uma taxa de R$ 5,85, com tendência de estabilidade nos meses subsequentes.
Selic (Taxa Básica de Juros)
A Selic, principal instrumento de política monetária do Banco Central, permanece em níveis elevados para conter as pressões inflacionárias. Para 2025, a mediana das expectativas indica que a Selic permanecerá em 15,00% ao ano, sem alterações significativas nas últimas semanas, conforme indicado por (18). Para 2026, a expectativa de corte gradual segue em 12,50% ao ano, com perspectiva de redução para 10,00% até 2028. Nos meses iniciais de 2025, a Selic mantém-se estável em 14,75% ao ano, sem alterações nas últimas semanas.
IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)
O IGP-M, amplamente utilizado no reajuste de contratos, também apresenta projeções relevantes. Para 2025, a expectativa é de uma variação de 4,78%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,80%, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a projeção é de estabilidade, com o índice variando 4,62%, um aumento em relação à previsão anterior de 4,64%, conforme indicado por ▲(1). Nos meses iniciais de 2025, as projeções mensais mostram estabilidade, com variações de 0,02% em novembro e 0,30% em dezembro. A inflação acumulada nos últimos 12 meses também apresenta sinais de moderação, com uma alta de 5,15% para 5,18% até janeiro de 2026.
Resultado Nominal (% do PIB)
O resultado nominal do governo federal, expresso como percentual do PIB, também foi atualizado. Para 2025, a expectativa é de um déficit de -8,50% do PIB, uma queda em relação à previsão anterior de -8,45%, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a projeção é de um déficit menor, com -8,40% do PIB, um aumento em relação à previsão anterior de -8,45%, conforme indicado por ▲(1). Esses números refletem esforços contínuos para controlar as despesas públicas e melhorar a sustentabilidade fiscal.
Conclusão
Essa análise detalhada dos principais indicadores econômicos revela um cenário de ajustes graduais, com desafios no curto prazo, mas perspectivas de estabilização nos anos seguintes. Apesar das pressões inflacionárias e do crescimento econômico modesto, as projeções para 2026 e anos subsequentes sinalizam moderação da inflação e redução gradual da Selic, sugerindo um horizonte de maior estabilidade. O equilíbrio cambial e a convergência do IGP-M ao IPCA reforçam a expectativa de normalização dos indicadores econômicos. Além disso, o resultado nominal do governo mostra avanços na gestão fiscal, embora ainda haja espaço para melhorias significativas.
Mais detalhes sobre o Boletim Focus
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
As projeções para o IPCA demonstram uma trajetória de desaceleração gradual da inflação ao longo do horizonte de previsão, embora os números permaneçam consistentemente acima da meta estabelecida pelo Banco Central. Para o ano de 2025, a mediana das expectativas está em 4,40%, apresentando uma leve redução em comparação com a semana anterior, quando estava em 4,43%, e uma queda mais significativa em relação às projeções de quatro semanas atrás, que apontavam 4,55%. Esta revisão para baixo, que vem ocorrendo há quatro semanas consecutivas, sugere uma moderação nas pressões inflacionárias de curto prazo, embora o índice ainda permaneça distante do centro da meta de 3%.
Para o ano de 2026, as expectativas indicam um IPCA de 4,16%, também apresentando movimento de queda em relação à semana anterior, quando estava em 4,17%, e mais acentuadamente em comparação com quatro semanas atrás, quando a projeção era de 4,20%. Este comportamento de baixa vem se mantendo há três semanas, sinalizando uma expectativa de arrefecimento gradual das pressões inflacionárias. Contudo, mesmo com essa trajetória descendente, a inflação projetada ainda se mantém significativamente acima do teto da meta, que é de 4,5% para 2025 e retorna para 3% nos anos subsequentes.
O cenário para 2027 mostra estabilidade nas projeções, com o IPCA mantendo-se em 3,80% há cinco semanas consecutivas, indicando que o mercado vislumbra uma convergência mais efetiva da inflação em direção à meta apenas no médio prazo. Esta estabilização nas expectativas sugere que os agentes econômicos acreditam que as medidas de política monetária começarão a surtir efeito mais pronunciado neste horizonte temporal. Para 2028, as projeções também permanecem estáveis em 3,50% há cinco semanas, demonstrando a crença do mercado de que a inflação finalmente convergirá para níveis mais próximos da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, embora ainda ligeiramente acima do centro de 3%.
Analisando as projeções mensais mais recentes, observa-se que para novembro de 2025 a expectativa é de uma variação de 0,20%, mantendo-se estável há uma semana. Para dezembro de 2025, a projeção é de 0,44%, apresentando uma revisão para baixo em relação à semana anterior, quando estava em 0,47%. Janeiro de 2026 também mostra ajuste descendente, com projeção de 0,41%, ante 0,42% da semana anterior. A inflação acumulada em doze meses suavizada apresenta expectativa de 4,05%, com movimento de queda em relação aos 4,10% da semana anterior, refletindo a tendência de moderação nas pressões inflacionárias de curto prazo.
PIB – Produto Interno Bruto
As projeções para o crescimento econômico brasileiro apresentam revisões positivas, sinalizando um desempenho mais robusto da atividade econômica do que anteriormente antecipado. Para 2025, a mediana das expectativas aponta para um crescimento de 2,25%, representando um aumento em relação à semana anterior e há quatro semanas, quando a projeção estava em 2,16%. Este movimento ascendente, que ocorreu na última semana após período de estabilidade, reflete uma reavaliação positiva do dinamismo da economia brasileira, possivelmente sustentado por fatores como o desempenho do agronegócio, a resiliência do consumo das famílias e a recuperação de alguns setores industriais.
Para o ano de 2026, as expectativas também foram revisadas para cima, com a projeção atual de 1,80%, ante 1,78% observado tanto na semana anterior quanto há quatro semanas. Este ajuste ascendente ocorrido na última semana sugere uma visão ligeiramente mais otimista sobre a capacidade de sustentação do crescimento econômico no médio prazo, embora em patamar mais moderado que 2025. A desaceleração projetada entre 2025 e 2026 pode estar relacionada aos efeitos defasados da política monetária contracionista e às incertezas fiscais que permeiam o cenário macroeconômico brasileiro.
O ano de 2027 apresenta projeção de crescimento de 1,84%, com leve alta em relação aos 1,83% da semana anterior, movimento que ocorreu na última semana. Para 2028, as expectativas permanecem estáveis em 2,00% há noventa e uma semanas consecutivas, demonstrando uma visão consolidada do mercado sobre o potencial de crescimento de longo prazo da economia brasileira. Esta estabilidade prolongada nas projeções para 2028 sugere que os agentes econômicos trabalham com uma taxa de crescimento potencial em torno de 2% ao ano, refletindo limitações estruturais da economia brasileira relacionadas à produtividade, investimentos e ambiente de negócios.
Câmbio
As expectativas para a taxa de câmbio revelam uma visão de depreciação sustentada do real frente ao dólar americano ao longo de todo o horizonte de projeção. Para o final de 2025, a mediana das expectativas aponta para uma taxa de câmbio de 5,40 reais por dólar, mantendo-se estável há três semanas, após ter recuado de 5,41 reais observado há quatro semanas. Este patamar representa uma depreciação significativa em relação aos níveis historicamente observados e reflete preocupações do mercado com diversos fatores, incluindo a situação fiscal brasileira, o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos e incertezas políticas domésticas.
Para 2026, as projeções indicam manutenção da taxa de câmbio em 5,50 reais por dólar, patamar que se mantém estável há oito semanas consecutivas. Esta expectativa de depreciação adicional em relação a 2025 sinaliza que o mercado não vislumbra uma reversão significativa dos fatores que têm pressionado a moeda brasileira. A persistência desta projeção por várias semanas consecutivas demonstra uma convicção consolidada entre os analistas sobre a trajetória cambial.
Os anos de 2027 e 2028 também apresentam projeções estáveis de 5,50 reais por dólar, mantidas há seis semanas consecutivas em ambos os casos. Esta estabilização em patamar depreciado sugere que o mercado trabalha com a hipótese de que os fundamentos macroeconômicos brasileiros não proporcionarão condições para uma apreciação significativa do real no médio e longo prazo. A manutenção do câmbio neste nível elevado reflete preocupações estruturais com a sustentabilidade fiscal, a competitividade da economia brasileira e o ambiente global de taxas de juros.
As projeções mensais mostram expectativa de 5,40 reais por dólar tanto para dezembro de 2025 quanto para janeiro de 2026, mantendo-se estáveis há três semanas consecutivas, o que indica uma visão de relativa estabilidade cambial no curtíssimo prazo, embora em patamar depreciado.
SELIC – Taxa Básica de Juros
As expectativas para a taxa Selic revelam um cenário de aperto monetário significativo e prolongado, refletindo a necessidade do Banco Central de combater as pressões inflacionárias e ancorar as expectativas. Para o final de 2025, a mediana das projeções aponta para uma Selic de 15,00% ao ano, patamar que se mantém estável há vinte e quatro semanas consecutivas. Este nível representa um dos patamares mais elevados da taxa básica de juros nos últimos anos e demonstra a percepção do mercado de que a autoridade monetária precisará manter uma postura significativamente contracionista para trazer a inflação de volta à meta.
Para 2026, as expectativas indicam uma Selic de 12,25% ao ano, apresentando um aumento em relação à semana anterior, quando estava em 12,00%, e mantendo-se acima dos 12,25% observados há quatro semanas. Este movimento ascendente ocorrido na última semana sugere uma reavaliação do mercado sobre a velocidade e a intensidade do ciclo de afrouxamento monetário, indicando que a normalização da política monetária deverá ser mais gradual do que anteriormente antecipado. A manutenção de juros em dois dígitos ao longo de 2026 reflete preocupações com a persistência das pressões inflacionárias e com a necessidade de manter condições monetárias restritivas por período prolongado.
Para 2027, a projeção é de uma Selic de 10,50% ao ano, mantida estável há quarenta e três semanas consecutivas. Este patamar ainda elevado para padrões históricos sugere que o mercado não vislumbra um retorno rápido a níveis de juros considerados neutros ou estimulantes para a economia. A longa estabilidade desta projeção demonstra uma visão consolidada sobre a trajetória de normalização monetária. Para 2028, as expectativas apontam para 9,50% ao ano, com leve redução em relação há quatro semanas, quando estava em 10,00%, e estável em relação à semana anterior. Este movimento de queda ocorrido na última semana pode sinalizar uma expectativa de maior convergência inflacionária no longo prazo, permitindo algum espaço adicional para redução de juros.
As projeções mensais mostram expectativa de Selic em 15,00% tanto para dezembro de 2025, mantida estável há vinte e quatro semanas, quanto para janeiro de 2026, com alta em relação aos 14,75% da semana anterior. Este ajuste para cima na projeção de janeiro reforça a percepção de que o Banco Central manterá a taxa em patamar elevado por período mais extenso.
IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado
As projeções para o IGP-M apresentam um cenário peculiar, com expectativa de deflação para 2025 seguida de inflação moderada nos anos subsequentes. Para 2025, a mediana das expectativas aponta para uma variação de -0,61%, apresentando movimento de queda em relação à semana anterior, quando estava em -0,57%, e mais acentuadamente em comparação com há quatro semanas, quando a projeção era de -0,22%. Este comportamento deflacionário, que vem sendo revisado para baixo há treze semanas consecutivas, reflete principalmente a dinâmica dos preços no atacado e das commodities, componentes importantes deste índice.
Para 2026, as expectativas indicam uma variação de 4,00%, mantendo-se estável há duas semanas, após período de ajustes. Este patamar sugere uma normalização dos preços após o período deflacionário de 2025, com o índice retornando a território positivo e apresentando variação mais alinhada com padrões históricos. A estabilização nestas projeções indica uma visão consolidada do mercado sobre a trajetória dos preços no atacado e dos componentes que influenciam o IGP-M.
Para 2027, a projeção permanece em 4,00%, mantida estável há expressivas quarenta e sete semanas consecutivas, demonstrando uma convicção de longo prazo sobre o comportamento deste índice. Para 2028, as expectativas apontam para 3,85%, com leve redução em relação há quatro semanas, quando estava em 3,86%, e estável em relação à semana anterior. Esta trajetória descendente gradual sugere expectativa de moderação nas pressões inflacionárias também nos preços no atacado no longo prazo.
As projeções mensais revelam expectativa de variação de 0,43% para dezembro de 2025, apresentando movimento de queda em relação aos 0,47% da semana anterior e aos 0,55% de há quatro semanas, tendência que vem ocorrendo há duas semanas. Para janeiro de 2026, a projeção é de 0,40%, mantida estável há uma semana. A inflação acumulada em doze meses suavizada apresenta expectativa de 3,96%, com movimento de queda em relação aos 4,07% da semana anterior, tendência que se mantém há quatro semanas consecutivas, sinalizando arrefecimento nas pressões de preços medidas por este indicador.
Em síntese, o Boletim Focus de 5 de dezembro de 2025 retrata um cenário macroeconômico brasileiro caracterizado por desafios persistentes no controle inflacionário, necessidade de manutenção de juros elevados por período prolongado, depreciação cambial sustentada e crescimento econômico moderado. As revisões recentes nas expectativas demonstram ajustes nas percepções do mercado, com leve melhora nas projeções de crescimento, mas também com reconhecimento da necessidade de política monetária mais restritiva por mais tempo para ancorar as expectativas inflacionárias e garantir a convergência da inflação para a meta estabelecida.