O que o último Boletim Focus Projeta para o Brasil
O Boletim Focus de 17 de novembro de 2025 reforça um cenário de transição para a economia brasileira. Em 2025, a inflação segue acima da meta, enquanto o PIB avança modestamente. O câmbio mantém estabilidade, e a Selic permanece elevada, com cortes esperados apenas a partir de 2026. O IGP-M acompanha a trajetória do IPCA, com desaceleração gradual. Para os anos seguintes, as projeções sugerem uma convergência mais clara às metas de inflação e uma recuperação econômica lenta, porém sustentável, desde que os desafios fiscais e externos sejam equacionados.
IPCA
As projeções para o IPCA em 2025 apresentaram uma nova redução, passando de 4,73% para 4,70%, após semanas consecutivas de ajustes (25 semanas seguidas de diminuição). Para 2026, a previsão foi levemente reduzida, passando de 4,23% para 4,20%, refletindo um cenário de desaceleração gradual da inflação. Nos meses de novembro, dezembro de 2025 e janeiro de 2026, as variações mensais projetadas são de 0,45%, 0,47% e 0,49%, respectivamente, sugerindo certa estabilidade ao longo do período. Para os anos seguintes, como 2027 e 2028, as projeções indicam convergência para patamares mais próximos da meta central de 3,75%, com taxas em torno de 4,00%.
PIB
O crescimento do PIB para 2025 foi ajustado para cima, passando de 2,19% para 2,20%, indicando uma recuperação ligeiramente mais robusta que a esperada anteriormente. Para 2026, a expectativa também foi revisada para cima, subindo de 1,89% para 1,90%, sinalizando uma melhora nas perspectivas econômicas. Apesar disso, o mercado continua cauteloso quanto à sustentabilidade dessa recuperação, especialmente diante de incertezas fiscais e externas. Para 2027 e 2028, as projeções seguem estáveis em 2,00%, sujeitas a revisões conforme novos dados sejam incorporados.
Câmbio
A taxa de câmbio para 2025 apresentou uma leve desvalorização, passando de R$ 5,70/US$ para R$ 5,69/US$, refletindo uma tendência de estabilidade no curto prazo. Para 2026, a projeção é de R$ 5,69/US$, indicando uma manutenção do nível atual no médio prazo. Nos meses de novembro, dezembro de 2025 e janeiro de 2026, as previsões apontam para uma estabilidade cambial, com cotações projetadas em R$ 5,85, R$ 5,85 e R$ 5,85, respectivamente.
Selic
A taxa Selic segue elevada em 15,00% ao ano para 2025, sem alterações significativas nas últimas semanas. Para 2026, a expectativa de corte permanece em 12,50%, refletindo a perspectiva de inflação mais controlada no médio prazo. Contudo, analistas destacam que mudanças na trajetória da taxa dependerão do comportamento dos preços administrados e do cenário fiscal. Para 2027 e 2028, as projeções indicam reduções graduais, com taxas em 10,50% e 10,00%, respectivamente.
IGP-M
O IGP-M projeta uma alta de 5,05% para 2025, refletindo pressões moderadas nos preços de commodities e serviços. Para 2026, a previsão é de 4,20%, alinhando-se à tendência de desaceleração do IPCA. Nos meses de novembro, dezembro de 2025 e janeiro de 2026, as variações mensais estimadas são de 0,45%, 0,47% e 0,49%, respectivamente, sugerindo certa estabilidade. Para os anos seguintes, as projeções indicam taxas em torno de 4,00%, ainda acima do nível considerado neutro para a economia.
Mais detalhes sobre o Boletim Focus
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
As expectativas inflacionárias captadas pelo Boletim Focus demonstram uma trajetória de desaceleração gradual ao longo do horizonte de projeção, embora os números para o ano corrente permaneçam significativamente acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Para o ano de 2025, a mediana das expectativas situa-se em 4,46% ao ano, representando uma redução de 0,09 ponto percentual em relação à semana anterior e de 0,24 ponto percentual comparado às projeções de quatro semanas atrás. Este movimento descendente nas expectativas, que se mantém há uma semana, foi captado por 151 respondentes nos últimos trinta dias, com 80 instituições tendo atualizado suas projeções nos últimos cinco dias úteis. A inflação projetada para 2025 encontra-se substancialmente acima do teto da meta de tolerância, que é de 4,5%, sinalizando desafios importantes para a política monetária no curto prazo.
Olhando para 2026, as projeções indicam uma inflação de 4,20% ao ano, mantendo-se estável em relação à semana anterior, mas apresentando uma leve queda de 0,07 ponto percentual quando comparada ao levantamento de quatro semanas atrás. Esta estabilidade recente, observada há três semanas consecutivas, conta com a participação de 149 respondentes no período de trinta dias e 80 instituições nos últimos cinco dias úteis. Embora represente uma desaceleração em relação a 2025, o índice ainda permanece acima do centro da meta de inflação, que é de 3%, evidenciando que o processo desinflacionário deverá ser gradual e exigirá manutenção de condições monetárias restritivas.
Para o ano de 2027, as expectativas apontam para uma inflação de 3,80% ao ano, com uma pequena redução de 0,03 ponto percentual em comparação às projeções de quatro semanas atrás, mantendo-se estável há duas semanas. Este patamar foi estimado por 124 respondentes no período de trinta dias, demonstrando uma convergência maior das expectativas em direção à meta de inflação, embora ainda ligeiramente acima do centro do sistema de metas. Finalmente, para 2028, a mediana das projeções indica um IPCA de 3,50% ao ano, mantendo-se estável há duas semanas e contando com 111 respondentes. Este nível representa uma aproximação mais significativa do centro da meta, sugerindo que o mercado espera uma normalização completa do processo inflacionário apenas no médio prazo.
No que se refere às projeções mensais de curto prazo, o mercado estima para novembro de 2025 uma inflação de 0,21%, com redução de 0,04 ponto percentual em relação às expectativas de quatro semanas atrás e movimento descendente iniciado há uma semana. Para dezembro de 2025, a projeção é de 0,49%, também apresentando tendência de queda há uma semana, com redução de 0,01 ponto percentual. Janeiro de 2026 deve registrar inflação de 0,43%, com movimento descendente há uma semana e redução de 0,02 ponto percentual no período de quatro semanas. A inflação acumulada em doze meses com suavização está projetada em 4,11%, apresentando movimento ascendente há duas semanas, com 137 respondentes participando desta estimativa.
Quanto aos preços administrados, componente importante do IPCA, as expectativas para 2025 situam-se em 5,06%, apresentando aumento de 0,09 ponto percentual em relação à semana anterior, movimento ascendente observado há três semanas e contando com 102 respondentes. Para 2026, a projeção é de 3,86%, estável em relação à semana anterior, mas com redução de 0,10 ponto percentual no período de quatro semanas. Em 2027, espera-se 3,70%, com queda de 0,10 ponto percentual em quatro semanas e movimento descendente há duas semanas. Para 2028, a estimativa é de 3,60%, mantendo-se estável há uma semana.
PIB – Produto Interno Bruto
As projeções para o crescimento econômico brasileiro revelam um cenário de desaceleração moderada após um desempenho robusto esperado para 2025. Para o ano corrente, a mediana das expectativas aponta para uma expansão de 2,16% do PIB em relação ao ano anterior, mantendo-se praticamente estável com variação de apenas 0,01 ponto percentual em relação às projeções de quatro semanas atrás. Esta estabilidade, observada há três semanas consecutivas, foi estimada por 123 respondentes nos últimos trinta dias e 49 instituições nos últimos cinco dias úteis. Este crescimento de 2,16% representa um desempenho sólido da economia brasileira, superando o crescimento potencial estimado para o país e refletindo a resiliência da atividade econômica doméstica em um contexto de juros elevados.
Para o ano de 2026, as expectativas indicam uma desaceleração do ritmo de crescimento, com o PIB projetado para expandir 1,78% em relação ao ano anterior. Esta projeção mantém-se estável há três semanas e praticamente inalterada em relação ao levantamento de quatro semanas atrás, contando com a participação de 120 respondentes no período de trinta dias e 49 instituições nos últimos cinco dias úteis. A desaceleração esperada para 2026 reflete principalmente os efeitos defasados da política monetária contracionista, que deverá impactar mais significativamente a demanda agregada ao longo do próximo ano, além de possíveis ajustes fiscais e um ambiente externo potencialmente menos favorável.
Olhando para 2027, as projeções apontam para uma manutenção do crescimento em 1,88% ao ano, com estabilidade observada há uma semana e pequeno aumento de 0,06 ponto percentual em relação às estimativas de quatro semanas atrás. Este patamar foi calculado com base nas respostas de 87 instituições no período de trinta dias. Para 2028, o mercado projeta uma aceleração do crescimento para 2,00% ao ano, mantendo-se estável há impressionantes 88 semanas consecutivas, o que demonstra uma convergência notável das expectativas de longo prazo. Esta projeção conta com a participação de 81 respondentes e sugere que o mercado espera uma retomada gradual do dinamismo econômico à medida que os efeitos da política monetária contracionista se dissipem e as condições macroeconômicas se normalizem.
Câmbio
As expectativas para a taxa de câmbio revelam uma perspectiva de relativa estabilidade do real frente ao dólar americano ao longo do horizonte de projeção, com leve tendência de apreciação no curto prazo seguida de depreciação moderada nos anos subsequentes. Para o fechamento de 2025, a mediana das projeções indica uma taxa de câmbio de R$ 5,40 por dólar, apresentando redução de 0,01 real em relação à semana anterior e de 0,05 real comparado às expectativas de quatro semanas atrás. Este movimento descendente, iniciado há uma semana, foi estimado por 126 respondentes nos últimos trinta dias e 60 instituições nos últimos cinco dias úteis, sugerindo uma percepção ligeiramente mais otimista do mercado em relação à moeda brasileira no curto prazo.
Para o ano de 2026, as projeções apontam para uma taxa de câmbio de R$ 5,50 por dólar, mantendo-se estável há cinco semanas consecutivas, o que demonstra uma consolidação das expectativas do mercado para este horizonte temporal. Esta estimativa conta com a participação de 123 respondentes no período de trinta dias e 59 instituições nos últimos cinco dias úteis. A depreciação esperada de 0,10 real em relação a 2025 reflete possivelmente preocupações com a sustentabilidade fiscal, o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos e a evolução do cenário político doméstico.
As projeções para 2027 mantêm-se em R$ 5,50 por dólar, idênticas às de 2026, com estabilidade observada há três semanas e baseadas nas respostas de 91 instituições. Esta estabilidade sugere que o mercado não antecipa grandes choques cambiais neste horizonte, esperando uma acomodação da taxa de câmbio em patamares ligeiramente mais depreciados que os atuais. Para 2028, a mediana das expectativas também se situa em R$ 5,50 por dólar, mantendo-se estável há três semanas e contando com 83 respondentes, reforçando a percepção de equilíbrio cambial no médio prazo.
No que se refere às projeções mensais de curto prazo, para novembro de 2025 a expectativa é de R$ 5,39 por dólar, com movimento descendente iniciado há uma semana e redução de 0,01 real em relação às projeções de quatro semanas atrás. Para dezembro de 2025, a projeção mantém-se em R$ 5,40 por dólar, com tendência de queda há uma semana e redução de 0,05 real no período de quatro semanas. Janeiro de 2026 também apresenta expectativa de R$ 5,40 por dólar, com movimento descendente há uma semana e redução de 0,05 real em relação ao levantamento de quatro semanas atrás.
SELIC – Taxa Básica de Juros
As expectativas para a taxa Selic revelam um cenário de aperto monetário significativo no curto prazo, seguido de um ciclo de flexibilização gradual ao longo dos próximos anos. Para o fechamento de 2025, a mediana das projeções indica uma taxa Selic de 15,00% ao ano, mantendo-se estável há impressionantes 21 semanas consecutivas. Esta estabilidade nas expectativas, captada por 144 respondentes nos últimos trinta dias e 77 instituições nos últimos cinco dias úteis, reflete a consolidação da percepção do mercado de que o Banco Central do Brasil precisará manter uma postura significativamente contracionista para combater as pressões inflacionárias e ancorar as expectativas de inflação.
A taxa de 15,00% ao ano representa um patamar extremamente restritivo de política monetária, situando-se muito acima da taxa neutra estimada para a economia brasileira e refletindo a necessidade de conter a inflação que se encontra acima da meta. Este nível de juros tem implicações importantes para a atividade econômica, o custo de financiamento do governo e a dinâmica do mercado de crédito. Para dezembro de 2025, a expectativa é de manutenção da Selic em 15,00% ao ano, estável há 21 semanas, enquanto para janeiro de 2026 o mercado já projeta uma redução para 14,75% ao ano, patamar que se mantém estável há 12 semanas.
Para o ano de 2026, as projeções indicam uma Selic de 12,25% ao ano, mantendo-se estável há oito semanas e contando com a participação de 143 respondentes nos últimos trinta dias e 76 instituições nos últimos cinco dias úteis. Esta redução de 2,75 pontos percentuais em relação ao fechamento de 2025 sugere que o mercado espera um ciclo de flexibilização monetária ao longo de 2026, à medida que as pressões inflacionárias arrefeçam e as expectativas convirjam para a meta. No entanto, mesmo neste patamar, a taxa de juros ainda permanecerá em território significativamente restritivo, indicando que o processo de normalização monetária será cauteloso e gradual.
As expectativas para 2027 apontam para uma Selic de 10,50% ao ano, mantendo-se estável há 40 semanas consecutivas, o que demonstra uma notável convergência das projeções de médio prazo. Esta estimativa foi calculada com base nas respostas de 111 instituições e representa uma redução adicional de 1,75 ponto percentual em relação a 2026, sinalizando a continuidade do ciclo de flexibilização monetária. Para 2028, a mediana das projeções indica uma taxa Selic de 10,00% ao ano, mantendo-se estável há 47 semanas e contando com 99 respondentes. Este patamar sugere que o mercado espera uma normalização quase completa da política monetária apenas no horizonte de 2028, embora ainda em níveis ligeiramente acima das estimativas históricas da taxa neutra.
IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado
As expectativas para o IGP-M, índice amplamente utilizado para reajuste de contratos de aluguel e tarifas públicas, apresentam uma trajetória volátil no curto prazo, com estabilização em patamares moderados nos anos subsequentes. Para o ano de 2025, a mediana das projeções aponta para uma deflação de 0,32% ao ano, apresentando redução de 0,10 ponto percentual em relação à semana anterior e significativa queda de 1,19 ponto percentual comparado às expectativas de quatro semanas atrás. Este movimento descendente, iniciado há dez semanas, foi estimado por 76 respondentes nos últimos trinta dias e 36 instituições nos últimos cinco dias úteis. A deflação esperada para 2025 contrasta fortemente com o IPCA positivo, refletindo principalmente a dinâmica diferenciada dos preços no atacado, que têm peso significativo no IGP-M.
Para novembro de 2025, a projeção indica uma variação de 0,40% no mês, com movimento descendente iniciado há uma semana e redução de 0,23 ponto percentual em relação às estimativas de quatro semanas atrás. Dezembro de 2025 deve registrar alta de 0,50%, com tendência de queda há cinco semanas e redução de 0,13 ponto percentual no período de quatro semanas. Janeiro de 2026 apresenta expectativa de variação de 0,40%, estável há três semanas. A inflação acumulada em doze meses com suavização está projetada em 4,20%, com movimento descendente há uma semana e redução de 0,36 ponto percentual em relação ao levantamento de quatro semanas atrás.
Para o ano de 2026, as expectativas apontam para um IGP-M de 4,02% ao ano, com pequena redução de 0,01 ponto percentual em relação à semana anterior e de 0,18 ponto percentual comparado às projeções de quatro semanas atrás. Este movimento descendente, observado há uma semana, foi calculado com base nas respostas de 74 instituições nos últimos trinta dias e 36 nos últimos cinco dias úteis. A forte aceleração esperada em relação a 2025 reflete a base de comparação deprimida e possíveis pressões inflacionárias no atacado decorrentes da depreciação cambial e de ajustes de preços de commodities.
As projeções para 2027 indicam um IGP-M de 4,00% ao ano, mantendo-se estável há impressionantes 44 semanas consecutivas, o que demonstra uma consolidação muito forte das expectativas de médio prazo. Esta estimativa conta com a participação de 63 respondentes e sugere uma estabilização do índice em patamares moderados. Para 2028, a mediana das expectativas aponta para 3,80% ao ano, apresentando redução de 0,01 ponto percentual em relação à semana anterior e de 0,11 ponto percentual comparado ao levantamento de quatro semanas atrás. Este movimento descendente, iniciado há uma semana, foi estimado por 57 instituições e indica uma convergência gradual para níveis mais compatíveis com a meta de inflação do regime de metas brasileiro.
A análise consolidada destes cinco indicadores macroeconômicos revela um cenário desafiador para a economia brasileira no curto prazo, com inflação acima da meta exigindo juros elevados, o que tende a moderar o crescimento econômico. No médio prazo, as expectativas apontam para uma normalização gradual das condições macroeconômicas, com convergência da inflação para a meta, redução dos juros e retomada do crescimento, embora este processo deva ser lento e sujeito a diversos riscos, tanto domésticos quanto externos.