O que o último Boletim Focus Projeta para o Brasil
O Boletim Focus de 10 de novembro de 2025 reforça um cenário de transição para a economia brasileira. Em 2025, a inflação segue acima da meta, enquanto o PIB avança modestamente. O câmbio mantém estabilidade, e a Selic permanece elevada, com cortes esperados apenas a partir de 2026. O IGP-M acompanha a trajetória do IPCA, com desaceleração gradual. Para os anos seguintes, as projeções sugerem uma convergência mais clara às metas de inflação e uma recuperação econômica lenta, porém sustentável, desde que os desafios fiscais e externos sejam equacionados.
IPCA – Inflação ao Consumidor
As expectativas para o IPCA revelam uma trajetória de desaceleração gradual da inflação ao longo dos próximos anos, embora os números para 2025 permaneçam significativamente acima da meta estabelecida pelo Banco Central. Para o ano corrente de 2025, a mediana das projeções manteve-se estável em 4,55% nas últimas quatro semanas, com 149 respondentes participando da pesquisa e 47 instituições tendo atualizado suas estimativas nos últimos cinco dias úteis. Este patamar representa uma inflação consideravelmente elevada, sinalizando pressões inflacionárias persistentes na economia brasileira.
Observando a evolução mensal do final de 2025, as projeções mostram uma dinâmica interessante. Para outubro de 2025, a expectativa sofreu uma revisão para baixo, saindo de 0,26% há quatro semanas para 0,15% na última atualização, indicando uma desaceleração mais acentuada do que o mercado inicialmente antecipava. Para novembro, houve um movimento contrário, com a mediana subindo de 0,20% para 0,22% na última semana, sugerindo alguma pressão sazonal ou choques específicos de preços. Dezembro mantém a projeção estável em 0,50%, refletindo os efeitos típicos de fim de ano sobre os preços. A inflação acumulada em doze meses suavizada apresentou leve alta, passando de 4,06% para 4,08% na última semana.
Para 2026, as expectativas apontam para uma desaceleração mais pronunciada, com o IPCA projetado em 4,20%, mantendo-se estável nas últimas semanas. Este número representa uma redução de 35 pontos-base em relação a 2025, sinalizando que o mercado espera que as medidas de política monetária comecem a surtir efeito mais consistente. Contudo, ainda assim, a inflação permaneceria acima do centro da meta de 3%.
O cenário para 2027 mostra uma continuidade no processo desinflacionário, com a mediana das expectativas em 3,80%, praticamente inalterada nas últimas quatro semanas. Esta projeção sugere que o mercado acredita que a inflação estará mais próxima da meta, embora ainda ligeiramente acima do centro. Para 2028, as projeções indicam 3,50%, mantendo-se estável, o que representaria uma convergência mais efetiva para a meta de inflação, demonstrando confiança na capacidade do Banco Central de ancorar as expectativas inflacionárias no médio prazo.
PIB – Crescimento Econômico
As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro apresentam um cenário de moderação econômica nos próximos anos, refletindo os efeitos da política monetária contracionista necessária para combater a inflação. Para 2025, a expectativa de crescimento mantém-se em 2,16%, estável nas últimas semanas, com 119 respondentes e 34 instituições atualizando suas projeções recentemente. Este número sugere um crescimento moderado, porém saudável, indicando resiliência da economia brasileira mesmo em um ambiente de juros elevados.
Para 2026, as projeções apontam para uma desaceleração significativa, com o PIB esperado crescendo apenas 1,78%, mantendo-se estável nas últimas semanas. Esta redução de aproximadamente 38 pontos-base em relação a 2025 reflete claramente o impacto defasado da política monetária restritiva sobre a atividade econômica. O mercado antecipa que os juros elevados necessários para controlar a inflação terão um custo em termos de crescimento econômico, afetando principalmente o consumo das famílias e os investimentos empresariais.
O ano de 2027 apresenta uma pequena recuperação nas expectativas, com o PIB projetado em 1,88%, uma leve queda em relação à semana anterior quando estava em 1,90%. Este movimento sugere alguma revisão para baixo nas perspectivas de crescimento, possivelmente refletindo preocupações com a sustentabilidade da recuperação econômica ou com fatores externos que possam afetar o desempenho da economia brasileira.
Para 2028, as projeções mantêm-se estáveis em 2,00%, com 78 respondentes, sinalizando uma expectativa de retorno a um crescimento mais robusto no horizonte mais longo. Este número sugere que o mercado acredita que, uma vez controlada a inflação e com a possibilidade de redução dos juros, a economia brasileira poderá retomar um ritmo de expansão mais consistente, embora ainda modesto se comparado ao potencial de crescimento de economias emergentes.
Câmbio – Taxa de Conversão Real/Dólar
As expectativas para a taxa de câmbio revelam uma perspectiva de relativa estabilidade do real frente ao dólar americano ao longo dos próximos anos, com ligeiras variações que refletem as incertezas do cenário macroeconômico global e doméstico. Para 2025, a projeção mantém-se em R$ 5,41 por dólar, estável nas últimas semanas, com 125 respondentes e 35 instituições atualizando suas estimativas recentemente. Este patamar representa uma taxa de câmbio relativamente depreciada em termos históricos, refletindo tanto fatores domésticos quanto o ambiente internacional.
Analisando as projeções mensais para o final de 2025, observa-se que o mercado mantém uma visão consistente. Para outubro, a expectativa era de R$ 5,40, e tanto para novembro quanto para dezembro, a projeção permanece em R$ 5,41, demonstrando que não se esperam movimentos bruscos no câmbio no curto prazo, o que sugere certa estabilidade nas condições de mercado e nos fluxos de capital.
Para 2026, as expectativas apontam para uma depreciação adicional, com a taxa projetada em R$ 5,50 por dólar, mantendo-se estável há quatro semanas. Este movimento de depreciação de aproximadamente 9 centavos em relação a 2025 pode refletir preocupações com o déficit em conta corrente, a necessidade de financiamento externo da economia brasileira, ou ainda incertezas quanto à trajetória fiscal do país.
Os anos de 2027 e 2028 mantêm a mesma projeção de R$ 5,50 por dólar, sinalizando que o mercado não antecipa grandes movimentos cambiais no médio prazo. Esta estabilidade projetada sugere que, apesar dos desafios macroeconômicos, o mercado não vislumbra cenários de forte depreciação cambial, possivelmente confiando na capacidade do Banco Central de manter a estabilidade por meio da política monetária e das intervenções no mercado de câmbio quando necessário.
SELIC – Taxa Básica de Juros
As projeções para a taxa Selic constituem um dos aspectos mais relevantes do Boletim Focus, refletindo as expectativas do mercado quanto à trajetória da política monetária brasileira. Para o final de 2025, a expectativa consolidada aponta para uma taxa Selic de 15,00% ao ano, mantendo-se inalterada há vinte semanas consecutivas, com 141 respondentes e 45 instituições atualizando suas projeções. Este patamar extremamente elevado de juros reflete a necessidade de uma postura significativamente contracionista por parte do Banco Central para combater a inflação persistente e ancorar as expectativas inflacionárias.
A manutenção da Selic em 15,00% ao ano representa um dos níveis mais altos da taxa básica de juros em anos recentes, sinalizando a gravidade com que a autoridade monetária está tratando o desafio inflacionário. Esta taxa implica em custos elevados de crédito para consumidores e empresas, afetando negativamente o consumo e os investimentos, mas sendo necessária para conter as pressões de demanda e trazer a inflação de volta à meta.
Para 2026, as expectativas indicam uma redução substancial da Selic para 12,25% ao ano, mantendo-se estável há sete semanas. Esta redução de 275 pontos-base em relação a 2025 sugere que o mercado acredita que a inflação estará em trajetória de convergência para a meta, permitindo ao Banco Central iniciar um ciclo de afrouxamento monetário. Contudo, mesmo com esta redução, a taxa ainda permaneceria em patamares elevados, refletindo a necessidade de manter algum grau de restrição monetária.
O ano de 2027 apresenta expectativa de continuidade no processo de redução dos juros, com a Selic projetada em 10,50% ao ano, estável há 39 semanas. Esta redução adicional de 175 pontos-base demonstra confiança crescente do mercado na consolidação do processo desinflacionário e na possibilidade de normalização gradual da política monetária.
Para 2028, as projeções apontam para uma Selic de 10,00% ao ano, mantendo-se estável há 46 semanas, com 97 respondentes. Este patamar ainda seria considerado elevado em termos históricos e em comparação com economias desenvolvidas, mas representaria um nível mais compatível com uma inflação controlada e próxima da meta, permitindo um ambiente mais favorável ao crescimento econômico sustentável.
IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado
O Índice Geral de Preços do Mercado apresenta uma dinâmica particularmente interessante nas projeções do Boletim Focus, com revisões significativas e comportamento distinto do IPCA. Para 2025, a expectativa sofreu uma revisão substancial para baixo, passando de -0,20% há uma semana para -0,22% na última atualização, mantendo uma trajetória de queda há nove semanas consecutivas. Este número negativo indica expectativa de deflação medida pelo IGP-M, um fenômeno que contrasta marcadamente com a inflação positiva e elevada projetada para o IPCA.
Analisando as projeções mensais, observa-se volatilidade considerável. Para outubro de 2025, a expectativa era de 0,55%, mas não há atualização recente. Para novembro, a projeção é de 0,42%, estável na última semana, e para dezembro, a expectativa é de 0,55%, após uma queda nas últimas quatro semanas. A inflação acumulada em doze meses suavizada mostra 4,29%, com leve alta na última semana, partindo de 4,24%.
A divergência entre IGP-M e IPCA merece atenção especial. Enquanto o IPCA mede predominantemente preços ao consumidor, o IGP-M incorpora preços no atacado e da construção civil, sendo mais sensível a variações cambiais e de commodities. A expectativa de deflação no IGP-M para 2025 pode refletir projeções de estabilidade ou queda nos preços de commodities, apreciação cambial em algum momento do ano, ou desaceleração mais acentuada nos preços no atacado.
Para 2026, as expectativas para o IGP-M apontam para 4,08%, praticamente estável nas últimas semanas, com 73 respondentes e 21 instituições atualizando suas projeções. Este número positivo e significativo contrasta com a deflação esperada para 2025, sugerindo uma normalização do índice e possível repasse de custos ou pressões específicas nos segmentos que compõem o IGP-M.
Os anos de 2027 e 2028 apresentam projeções de 4,00% e 3,86%, respectivamente, ambas mantendo-se relativamente estáveis. Para 2028, houve uma leve revisão para baixo, com a mediana passando de 3,98% há quatro semanas para 3,86% atualmente. Estes números sugerem que, no médio prazo, o mercado espera uma convergência entre o comportamento do IGP-M e do IPCA, com ambos os índices refletindo pressões inflacionárias mais moderadas e controladas.
Considerações Finais
A análise consolidada do Boletim Focus de 7 de novembro de 2025 revela um cenário macroeconômico desafiador para a economia brasileira nos próximos anos. As expectativas apontam para uma inflação persistentemente acima da meta em 2025, exigindo manutenção de juros em patamares historicamente elevados, o que naturalmente impacta as perspectivas de crescimento econômico. A taxa de câmbio projetada reflete incertezas quanto à capacidade de atração de capitais externos e sustentabilidade fiscal, enquanto a divergência entre IGP-M e IPCA sinaliza dinâmicas diferenciadas entre preços no atacado e varejo. O horizonte de médio prazo, contudo, mostra expectativas de normalização gradual, com inflação convergindo para a meta, juros em trajetória de queda e crescimento econômico retomando ritmo mais consistente a partir de 2028.
Mais detalhes sobre o Boletim Focus
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
O IPCA, índice oficial que mede a inflação no Brasil, apresenta projeções relevantes para os anos de 2025 e 2026. Para 2025, a expectativa é de uma variação de 4,87%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,90%, conforme indicado por ▼(1). Esse comportamento reflete pressões inflacionárias ainda presentes na economia, especialmente nos preços administrados, cuja variação projetada para 2025 caiu para 4,83%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,85%, conforme indicado por ▼(1). Já para 2026, a expectativa é de estabilidade, com o IPCA projetado em 4,33%, uma redução em relação à previsão anterior de 4,35%, conforme indicado por ▼(1). Nos meses iniciais de 2025, as projeções mensais mostram moderação, com variações de 0,36% em outubro e 0,32% em novembro. A inflação acumulada nos últimos 12 meses apresenta sinais de desaceleração, caindo de 4,90% para 4,87% até dezembro de 2025.
PIB (Produto Interno Bruto)
As projeções para o PIB brasileiro indicam um crescimento positivo para os próximos anos. Para 2025, a mediana das expectativas aponta para um crescimento de 2,00% em relação ao ano anterior, sem alterações significativas em relação à previsão anterior, conforme indicado por (1). Esse cenário sugere uma leve melhora na atividade econômica, influenciada por políticas fiscais mais equilibradas e uma demanda interna mais resiliente. Para 2026, a expectativa é de um crescimento ainda mais robusto, com o PIB variando 1,70% sobre o ano anterior, um aumento em relação à previsão anterior de 1,61%, conforme indicado por ▲(1). Nos anos seguintes, as projeções indicam uma recuperação gradual, mas ainda insuficiente para retornar a patamares mais robustos de expansão econômica, com variações projetadas de 2,00% tanto para 2027 quanto para 2028.
Câmbio (R$/US$)
O mercado projeta estabilidade no câmbio para os próximos anos. Para 2025, a taxa de câmbio é esperada em R$ 5,90 por dólar, refletindo leve valorização do real em relação à previsão anterior de R$ 5,95, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a expectativa é de estabilidade em R$ 5,90 por dólar, com tendência de equilíbrio entre oferta e demanda por moeda estrangeira. No curto prazo, a projeção para outubro de 2025 indica uma taxa de R$ 5,85, com tendência de estabilidade nos meses subsequentes.
Selic (Taxa Básica de Juros)
A Selic, principal instrumento de política monetária do Banco Central, permanece em níveis elevados para conter as pressões inflacionárias. Para 2025, a mediana das expectativas indica que a Selic permanecerá em 15,00% ao ano, sem alterações significativas nas últimas semanas, conforme indicado por (18). Para 2026, a expectativa de corte gradual segue em 12,50% ao ano, com perspectiva de redução para 10,00% até 2028. Nos meses iniciais de 2025, a Selic mantém-se estável em 14,75% ao ano, sem alterações nas últimas semanas.
IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)
O IGP-M, amplamente utilizado no reajuste de contratos, também apresenta projeções relevantes. Para 2025, a expectativa é de uma variação de 4,72%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,75%, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a projeção é de estabilidade, com o índice variando 4,57%, um aumento em relação à previsão anterior de 4,59%, conforme indicado por ▲(1). Nos meses iniciais de 2025, as projeções mensais mostram estabilidade, com variações de 0,02% em outubro e 0,28% em novembro. A inflação acumulada nos últimos 12 meses também apresenta sinais de moderação, com uma alta de 5,15% para 5,18% até dezembro de 2025.
Resultado Nominal (% do PIB)
O resultado nominal do governo federal, expresso como percentual do PIB, também foi atualizado. Para 2025, a expectativa é de um déficit de -8,50% do PIB, uma queda em relação à previsão anterior de -8,45%, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a projeção é de um déficit menor, com -8,40% do PIB, um aumento em relação à previsão anterior de -8,45%, conforme indicado por ▲(1). Esses números refletem esforços contínuos para controlar as despesas públicas e melhorar a sustentabilidade fiscal.
Conclusão
Essa análise detalhada dos principais indicadores econômicos revela um cenário de ajustes graduais, com desafios no curto prazo, mas perspectivas de estabilização nos anos seguintes. Apesar das pressões inflacionárias e do crescimento econômico modesto, as projeções para 2026 e anos subsequentes sinalizam moderação da inflação e redução gradual da Selic, sugerindo um horizonte de maior estabilidade. O equilíbrio cambial e a convergência do IGP-M ao IPCA reforçam a expectativa de normalização dos indicadores econômicos. Além disso, o resultado nominal do governo mostra avanços na gestão fiscal, embora ainda haja espaço para melhorias significativas.