O que o último Boletim Focus Projeta para o Brasil
O Boletim Focus de 22 de dezembro de 2025 reforça um cenário de transição para a economia brasileira. Em 2025, a inflação segue acima da meta, enquanto o PIB avança modestamente. O câmbio mantém estabilidade, e a Selic permanece elevada, com cortes esperados apenas a partir de 2026. O IGP-M acompanha a trajetória do IPCA, com desaceleração gradual. Para os anos seguintes, as projeções sugerem uma convergência mais clara às metas de inflação e uma recuperação econômica lenta, porém sustentável, desde que os desafios fiscais e externos sejam equacionados.
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)
O IPCA, índice oficial que mede a inflação no Brasil, apresenta projeções relevantes para os anos de 2025 e 2026. Para 2025, a expectativa é de uma variação de 4,97%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,99%, conforme indicado por ▼(1). Esse comportamento reflete pressões inflacionárias ainda presentes na economia, especialmente nos preços administrados, cuja variação projetada para 2025 caiu para 4,92%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,94%, conforme indicado por ▼(1). Já para 2026, a expectativa é de estabilidade, com o IPCA projetado em 4,43%, uma redução em relação à previsão anterior de 4,45%, conforme indicado por ▼(1). Nos meses iniciais de 2025, as projeções mensais mostram moderação, com variações de 0,41% em dezembro e 0,37% em janeiro. A inflação acumulada nos últimos 12 meses apresenta sinais de desaceleração, caindo de 4,99% para 4,97% até fevereiro de 2026.
PIB (Produto Interno Bruto)
As projeções para o PIB brasileiro indicam um crescimento positivo para os próximos anos. Para 2025, a mediana das expectativas aponta para um crescimento de 2,00% em relação ao ano anterior, sem alterações significativas em relação à previsão anterior, conforme indicado por (1). Esse cenário sugere uma leve melhora na atividade econômica, influenciada por políticas fiscais mais equilibradas e uma demanda interna mais resiliente. Para 2026, a expectativa é de um crescimento ainda mais robusto, com o PIB variando 1,70% sobre o ano anterior, um aumento em relação à previsão anterior de 1,61%, conforme indicado por ▲(1). Nos anos seguintes, as projeções indicam uma recuperação gradual, mas ainda insuficiente para retornar a patamares mais robustos de expansão econômica, com variações projetadas de 2,00% tanto para 2027 quanto para 2028.
Câmbio (R$/US$)
O mercado projeta estabilidade no câmbio para os próximos anos. Para 2025, a taxa de câmbio é esperada em R$ 5,90 por dólar, refletindo leve valorização do real em relação à previsão anterior de R$ 5,95, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a expectativa é de estabilidade em R$ 5,90 por dólar, com tendência de equilíbrio entre oferta e demanda por moeda estrangeira. No curto prazo, a projeção para dezembro de 2025 indica uma taxa de R$ 5,85, com tendência de estabilidade nos meses subsequentes.
Selic (Taxa Básica de Juros)
A Selic, principal instrumento de política monetária do Banco Central, permanece em níveis elevados para conter as pressões inflacionárias. Para 2025, a mediana das expectativas indica que a Selic permanecerá em 15,00% ao ano, sem alterações significativas nas últimas semanas, conforme indicado por (18). Para 2026, a expectativa de corte gradual segue em 12,50% ao ano, com perspectiva de redução para 10,00% até 2028. Nos meses iniciais de 2025, a Selic mantém-se estável em 14,75% ao ano, sem alterações nas últimas semanas.
IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado)
O IGP-M, amplamente utilizado no reajuste de contratos, também apresenta projeções relevantes. Para 2025, a expectativa é de uma variação de 4,82%, um recuo em relação à previsão anterior de 4,84%, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a projeção é de estabilidade, com o índice variando 4,66%, um aumento em relação à previsão anterior de 4,68%, conforme indicado por ▲(1). Nos meses iniciais de 2025, as projeções mensais mostram estabilidade, com variações de 0,02% em dezembro e 0,32% em janeiro. A inflação acumulada nos últimos 12 meses também apresenta sinais de moderação, com uma alta de 5,15% para 5,18% até fevereiro de 2026.
Resultado Nominal (% do PIB)
O resultado nominal do governo federal, expresso como percentual do PIB, também foi atualizado. Para 2025, a expectativa é de um déficit de -8,50% do PIB, uma queda em relação à previsão anterior de -8,45%, conforme indicado por ▼(1). Para 2026, a projeção é de um déficit menor, com -8,40% do PIB, um aumento em relação à previsão anterior de -8,45%, conforme indicado por ▲(1). Esses números refletem esforços contínuos para controlar as despesas públicas e melhorar a sustentabilidade fiscal.
Conclusão
Essa análise detalhada dos principais indicadores econômicos revela um cenário de ajustes graduais, com desafios no curto prazo, mas perspectivas de estabilização nos anos seguintes. Apesar das pressões inflacionárias e do crescimento econômico modesto, as projeções para 2026 e anos subsequentes sinalizam moderação da inflação e redução gradual da Selic, sugerindo um horizonte de maior estabilidade. O equilíbrio cambial e a convergência do IGP-M ao IPCA reforçam a expectativa de normalização dos indicadores econômicos. Além disso, o resultado nominal do governo mostra avanços na gestão fiscal, embora ainda haja espaço para melhorias significativas.
Mais detalhes sobre o Boletim Focus
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
As expectativas inflacionárias apresentam uma trajetória preocupante de elevação consistente ao longo do horizonte de projeção. Para o ano de 2025, a mediana das expectativas situa-se em 4,33%, representando uma redução de três pontos-base em relação à semana anterior, movimento que se mantém há seis semanas consecutivas de queda. Este patamar, no entanto, permanece significativamente acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, configurando um cenário de descumprimento da meta pelo segundo ano consecutivo.
Para 2026, as projeções indicam um IPCA de 4,06%, também apresentando redução de cinco pontos-base na comparação semanal. Este valor demonstra que o mercado não espera uma convergência rápida da inflação para o centro da meta, mantendo-se ainda acima do limite superior do intervalo de tolerância. A persistência inflacionária projetada para este ano reflete as expectativas de que os efeitos das políticas monetárias restritivas levarão tempo para se materializar plenamente na economia.
O ano de 2027 mantém a projeção estável em 3,80%, um patamar que finalmente se aproxima do teto da meta, sinalizando uma expectativa de normalização gradual do processo inflacionário. Para 2028, as estimativas permanecem em 3,50%, valor que se situa exatamente no centro da meta de inflação, sugerindo que o mercado projeta um horizonte de quatro anos para o completo retorno da inflação ao patamar considerado ideal pelas autoridades monetárias.
Analisando as projeções mensais de curto prazo, observa-se que para dezembro de 2025 a expectativa é de uma inflação de 0,39%, com tendência de queda há três semanas consecutivas. Janeiro de 2026 apresenta projeção de 0,37%, também em trajetória descendente pelo mesmo período, enquanto fevereiro de 2026 mantém-se estável em 0,54%. A inflação acumulada em doze meses suavizada apresenta expectativa de 3,99%, com movimento de queda há três semanas, indicando uma desaceleração gradual do processo inflacionário no curtíssimo prazo.
PIB – Produto Interno Bruto
As expectativas para o crescimento econômico revelam um cenário de desaceleração progressiva da atividade econômica brasileira. Para 2025, a mediana das projeções indica expansão de 2,26% do PIB, com leve alta de um ponto-base em relação à semana anterior. Este crescimento, embora modesto, representa um desempenho superior ao potencial estimado da economia brasileira, que gira em torno de 2% ao ano, sugerindo que a economia ainda opera com algum grau de aquecimento.
A projeção para 2026 mantém-se estável em 1,80%, sinalizando uma desaceleração significativa em relação ao ano anterior. Esta redução de 0,46 ponto percentual no ritmo de crescimento reflete as expectativas de que a política monetária contracionista, necessária para conter as pressões inflacionárias, produzirá efeitos restritivos sobre a atividade econômica. O crescimento projetado para este ano situa-se abaixo do potencial da economia, configurando um cenário de hiato do produto negativo.
Para 2027, as estimativas apontam para um crescimento de 1,81%, praticamente estável em relação ao ano anterior, com pequena redução de dois pontos-base na comparação semanal. Este patamar sugere que o mercado não espera uma recuperação vigorosa da atividade econômica no médio prazo, mantendo-se o crescimento abaixo do potencial. O ano de 2028 apresenta projeção de 2,00%, indicando uma recuperação gradual e um retorno ao crescimento próximo do potencial da economia brasileira, embora ainda em níveis modestos que não permitem avanços significativos no desenvolvimento econômico do país.
Câmbio
As expectativas cambiais demonstram uma trajetória consistente de depreciação do real frente ao dólar americano. Para o encerramento de 2025, a mediana das projeções situa-se em R$ 5,43 por dólar, apresentando alta de um ponto na comparação semanal. Este movimento de valorização da moeda americana reflete as incertezas do cenário doméstico, incluindo preocupações fiscais e o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos.
As projeções para 2026 indicam um câmbio de R$ 5,50 por dólar, mantendo-se estável há dez semanas consecutivas. Este patamar representa uma depreciação adicional em relação ao ano anterior, sinalizando que o mercado não espera uma reversão da tendência de enfraquecimento da moeda brasileira no curto prazo. A estabilidade prolongada desta projeção sugere um consenso entre os analistas sobre os fundamentos que sustentam este nível cambial.
Para 2027 e 2028, as expectativas mantêm-se praticamente estáveis em R$ 5,50 e R$ 5,51 por dólar, respectivamente. Esta estabilização em patamar depreciado reflete a percepção do mercado de que os desafios estruturais da economia brasileira, particularmente no âmbito fiscal, manterão pressão sobre a moeda nacional. As projeções mensais de curto prazo seguem a mesma tendência, com dezembro de 2025 em R$ 5,43, janeiro de 2026 em R$ 5,41 e fevereiro de 2026 em R$ 5,42, todos apresentando movimento de alta recente.
SELIC – Taxa Básica de Juros
A taxa Selic apresenta o cenário mais dramático entre todos os indicadores analisados, refletindo a necessidade de uma política monetária significativamente mais restritiva para conter as pressões inflacionárias. Para o encerramento de 2025, a expectativa é de que a taxa alcance 15,00% ao ano, um patamar extremamente elevado que não era observado há vários anos na economia brasileira. Este nível representa um aperto monetário substancial em resposta à inflação persistentemente acima da meta.
As projeções para 2026 indicam uma Selic de 12,25% ao ano, com alta de um ponto-base na última semana. Embora represente uma redução de 2,75 pontos percentuais em relação ao ano anterior, este patamar ainda configura uma política monetária bastante restritiva, sinalizando que o Banco Central deverá manter os juros elevados por período prolongado para garantir a convergência da inflação à meta.
Para 2027, as expectativas apontam para uma taxa de 10,50% ao ano, estável há 45 semanas consecutivas. Esta redução adicional de 1,75 ponto percentual em relação a 2026 sugere um processo gradual de normalização da política monetária, condicionado ao sucesso no controle inflacionário. O ano de 2028 apresenta projeção de 9,75% ao ano, com recente alta de um ponto-base, indicando que mesmo no horizonte mais longo o mercado não espera um retorno aos patamares de juros observados em períodos anteriores de maior estabilidade macroeconômica.
As projeções mensais mostram que para dezembro de 2025 a Selic deve encerrar em 15,00%, enquanto janeiro de 2026 apresenta expectativa de 15,00%, mantendo-se estável há duas semanas. Estes valores refletem a expectativa de que o Copom manterá a taxa no patamar elevado nos primeiros meses do próximo ano antes de iniciar um ciclo gradual de redução.
IGP-M – Índice Geral de Preços do Mercado
O IGP-M apresenta um comportamento peculiar e distinto do IPCA, refletindo sua composição diferenciada que inclui preços no atacado, construção civil e consumidor. Para 2025, a mediana das expectativas indica uma deflação de 0,74%, com tendência de queda há quinze semanas consecutivas. Este resultado negativo contrasta fortemente com a inflação medida pelo IPCA e reflete principalmente o comportamento dos preços no atacado, que têm apresentado quedas significativas.
As projeções para 2026 apontam para uma inflação de 3,99% medida pelo IGP-M, com pequena redução de um ponto-base na comparação semanal. Este valor representa uma reversão completa em relação ao ano anterior, sinalizando expectativas de recuperação dos preços no atacado e na construção civil. Para 2027, as estimativas mantêm-se estáveis em 4,00% há 49 semanas consecutivas, indicando um consenso prolongado sobre este patamar.
O ano de 2028 apresenta projeção de 3,85% para o IGP-M, praticamente estável em relação aos anos anteriores. As projeções mensais de curto prazo mostram deflação de 0,29% para dezembro de 2025, com tendência de queda há quatro semanas, inflação de 0,33% para janeiro de 2026 e 0,32% para fevereiro de 2026. A inflação acumulada em doze meses suavizada apresenta expectativa de 3,90%, com movimento descendente recente.
A análise consolidada destes cinco indicadores revela um cenário macroeconômico desafiador para a economia brasileira nos próximos anos, caracterizado por inflação persistentemente elevada, necessidade de manutenção de juros em patamares restritivos, desaceleração do crescimento econômico e depreciação cambial. Este conjunto de fatores exigirá habilidade das autoridades econômicas na condução das políticas monetária e fiscal para garantir a estabilização da economia e a retomada de uma trajetória sustentável de desenvolvimento.